Josivan Barbosa
A comunidade acadêmica da nossa Universidade do Semiárido está dando importância a temas paralelos e que não deveriam fazer parte dos grandes problemas da nossa instituição nesses tempos tão difíceis do Sistema Federal de Ensino Superior. Não há como explicar a perda de energia e tempo gasto com processos administrativos e judiciais no Ministério Público Federal, Justiça Federal, Polícia Federal, Defensoria Pública da União, Justiça Estadual entre outras para a resolução de questões tão minúsculas diante dos grandes problemas que a universidade tem e que, se não despertarmos no tempo certo, corremos o risco de perder uma década como fizemos no final do século passado, quando perdemos a década de 90.
A Universidade do Semiárido precisa de grandes projetos e qual o principal projeto que não podemos abrir mão de imediato? Claro que esse projeto é o Hospital Universitário do Semiárido. O curso de Medicina está prestes a formar a primeira turma e até o momento não conseguimos se quer elaborar o projeto do referido hospital. Como a comunidade acadêmica está tão silenciosa diante de tão importante projeto e usa o tempo para discutir se um quadro pode permanecer ou não numa parede ou se um discente pode ou não se manifestar numa solenidade. Claro que estes são temas próprios da academia e merecem todo o respeito, mas, de longe, não podem ser o foco da discussão nos corredores digitais da nossa IFES.
O caminho a ser percorrido pelos representantes da comunidade acadêmica para a aprovação do projeto do Hospital Universitário junto aos principais órgãos em Brasília como EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), Ministério da Educação e Ministério da Saúde já é bastante claro e para isso se tornar realidade não precisamos inventar a toda. Basta seguir os mesmos passos que recentemente foram percorridos pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), uma instituição menor do que a nossa na matriz orçamentária da Secretaria de Educação Superior (Sesu – MEC).
O projeto do Hospital Universitário do Semiárido precisa ser discutido em detalhes com os oito deputados federais e com os três senadores urgentemente. E precisa chegar em Brasília tendo como defensores principais a Reitoria da UFERSA, a Prefeitura Municipal de Mossoró, Câmara Municipal de Mossoró, Assembleia Legislativa e Governo do RN. Mas, para acelerar a liberação de recursos, independente da fonte, o projeto executivo (Arquitetônico e Engenharia) precisa ser elaborado por uma empresa especializada. E para isso, precisa de um edital de licitação bem elaborado para que o projeto não seja entregue à Universidade do Semiárido já com problemas na raiz. A Universidade do Semiárido não deve esperar e deveria aproveitar esse tempo de pandemia, que tem recursos de custeio mais favoráveis porque reduziu os gastos com vários serviços, como energia, transporte, manutenção do câmpus, entre outros, e abrir o processo licitatório do referido projeto.
Não podemos perder o terceiro ano de mandato dos atuais representantes em Brasília e do Presidente da República sem colocar uma Emenda de Bancada para iniciar a construção desse hospital. Se fizermos isso, estamos no caminho que é o roteiro normal para qualquer universidade federal que implanta um curso de Medicina. Não precisa de milagre, mas a Pró-reitoria de Planejamento da nossa IFES tem a obrigação de acelerar a elaboração desse projeto. Sem o projeto, corremos o risco de novamente ficar de fora da principal fonte de recursos para investimentos do Governo Federal que são os recursos de Emenda de Bancada.
O projeto do Hospital Universitário não é um projeto exclusivo da Universidade do Semiárido. É um projeto que a exemplo da própria UFERSA, é de Mossoró, do Rio Grande do Norte e do Semiárido. Para ser acelerado precisa que o novo prefeito se torne um grande articulador político desse projeto porque quem vai se beneficiar é a cidade com cerca de 1000 novas vagas de concurso público para profissionais da área de saúde. Assim, a Reitoria da UFERSA e o prefeito precisam aproveitar o momento que o RN tem dois ministros em Brasília e não deixar o cavalo passar selado. Lembremos que quando o RN teve o Presidente do Senado e o presidente da Câmara Federal, nós conseguimos cerca de R$ 300 milhões para construir quatros câmpus universitários e, agora, para o hospital universitário precisamos de pouco mais da metade.